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domingo, 6 de maio de 2012

Primeiro Encontro



Os olhares inquietos de instantes em instantes encontravam-se. Os olhos negros dele, os olhos pequenos dela disfarçavam aquela ansiedade e inconstância do espírito deles. Olhos, alma e espírito dissimulados. Corpos tensos no banco da praça, palavras e risos tímidos soavam levemente na noite silenciosa. O barulho macio dos carros velozes embalava o momento dos dois seres quase desconhecidos em descoberta daquelas surpresas que só o acaso proporciona. A respiração repartida, as batidas aceleradas do coração, as mãos geladas e as pernas cruzadas, ninguém estava à vontade com aquela situação. Entretanto, era necessário concluir a conversa sem sentido, quem sabe até o momento de se despedirem não falariam sobre os dois? Ela esperava tanto que ele lhe falasse sobre coisas das quais ela desejava ouvir. Por que ele não falava sobre seus sentimentos? Ele realmente queria o seu amor? Hilário. Ela mais uma vez idealizando uma relação pré existente e questionando as intenções do cara apenas por causa de uma ligação por engano e um primeiro encontro desajeitado. Poderia ser o destino que unia os dois, um número de telefone errado e o início de um grande amor. Daria certo. Sim, tinha tudo para dar! “Eu estava ansiosa para te ver. Quer ser meu namorado?” Por favor, por favor - ela pedia a si mesma para não assustar o belo rapaz com suas imaturas e melosas indagações.
“Ela é tão linda... se eu a beijasse agora estragaria tudo, poderia assustá-la.” “Ele é maravilhoso... mas estou fazendo tudo errado!” Pensamentos, pensamentos, confusões. A loja de cosméticos enfeitada com corações iluminados e fitas vermelhas. Mês de junho, é a época dos apaixonados. A sorveteria ao lado, a pizzaria a algumas quadras dali, um jovem vendendo rosas. Tudo soa como um convite e a voz interior dela pedindo “me ame, me beije...” Enquanto ele, tentando recompor seu estado abalado pela timidez, sussurrava “me beije, beije...” Esse encontro quase frustrado poderia se concretizar ao menos com uma conversa amigável, um carinho de mãos, uma palavra ao pé do ouvido, embora os dois quisessem mais que isso. Ele fascinado pela bela voz ao telefone na noite anterior, ela encantada com o sorriso sem jeito dele. Começava a chover uma chuva fina que os obrigava a sair da praça. Ele não hesita e pergunta:
- Luíza, será que eu posso...
- (...)
Então se beijam. Antes que a chuva acabe, antes que a pizzaria feche, antes da meia noite, antes da última rosa, “antes que ele desista desse encontro traumático”, pensa ela, “antes que ela me ache um idiota”, pensa ele. Enfim, um beijo iniciado por Luíza e terminado por Alex.
- ... te pagar um cinema?
- Você queria ver um filme?!
- Sim, falava Alex sorrindo.
- Você é mesmo um bobo...
Saem de mãos dadas sabendo que um beijo queima todo o gelo.









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